sexta-feira, 5 de fevereiro de 2010

Pedro Hoje - 1

Viva Inês

Apeteceu-me voltar hoje ao registo da comunicação escrita, um pouco à semelhança do que em idos tempos se fazia em suporte de papel, vencendo-se distâncias e ausências com o encanto anunciador dos mistérios que uma carta fechada encerrava.
A carta deu lugar ao e-mail e entretanto muita coisa se perdeu... mas há na escrita a possibilidade de voltar a cumprir o mesmo efeito.

E o primeiro apontamento vai para o amor que sinto por ti. És a realidade que nem o melhor dos meus sonhos conseguiria antever.
Começámos pela fúria dos corpos por saciar e através deles fui-me aproximando de ti. Descubro um ser fantástico que me faz querer estar na tua proximidade para além de todas as razões que carregamos. É um encontro frágil e doce que me obriga a um cuidado extremo para impedir os estragos que a banalidade das palavras e dos gestos garante e anuncia pela desatenção.
Entrego-me todos os dias ao exercício de me libertar de todos os ruídos e sombras da vida que me impeçam de estar na tua proximidade de uma forma inteiramente disponível, inteiramente presente. Afogo o passado e incendeio o futuro em cada pensamento que não sigo, em cada medo que não me entrego, em cada sonho que não alimento. Consigo assim a minha entrega permanente ao amor que sinto por ti.

Sei que és sensível aos mistérios da vida que te tocam e que te fazem admitir que há, na vida, muito mais do que aquilo que a razão de todos explica e alcança. Eu também... e por isso, do caminho que tenho trilhado, retirei este breve trecho escrito que partilho contigo.

"O sexo contém grandes segredos e o primeiro é que a alegria vem porque o sexo desaparece. E sempre que nos encontramos nesse momento de alegria o tempo também desaparece e a mente também desaparece."

"À medida que a compreensão aumenta o desejo desaparece e surge, um dia, a grande liberdade, quando o sexo deixa de ser um tormento. Fica-se tranquilo, silencioso, absolutamente consigo mesmo. A necessidade de ter outra pessoa desapareceu. Pode-se fazer amor, se se escolher fazer amor, mas não há necessidade. Será uma espécie de partilha."

"Esta vibração de dois como um é o orgasmo. Quando a mesma coisa acontece, não com outra pessoa, mas com toda a existência, então é o grande orgasmo"


São apontamentos de uma escrita antiga que ainda hoje são uma luz no caminho dos homens.

Não te tomo mais tempo... vou deixar-me levar pelos apelos da vida que me reclamam noutros lugares e noutras prestações, mas não parto sem antes te dizer que te amo, que te beijo e abraço com muita ternura, desejando-te um dia tão brilhante como o que vislumbro neste espaço de tranquilidade à beira de um mar agitado sob os raios de um sol tímido que não desiste de ser sol...

Pedro

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