domingo, 28 de fevereiro de 2010

Pedro 6

Enviada a 10 de Dezembro de 2009, às 10:47


Viva, Inês


Todos os quadros de dor e de perda são naturalmente pintados com cores tristes e escuras, como que a tentar resguardar da luz intensa da vida, os lugares feridos que queremos fazer desaparecer.

A minha solidariedade será fraco paliativo para o alívio que se impõe, mas é um recurso genuíno que lhe coloco a disposição.

Os picos altos de todos os registos da vida têm garantido um momento de inversão de tendência... pode tardar, mas acaba por acontecer. O que se espera, deseja e tenta em todos esses ciclos é que as quedas sejam cada vez menores, menos frequentes e menos prolongadas. E se possível com poucos estragos... A consciência dessa característica intrínseca da vida, faz-me procurar em todos os extremos, as fundações do que prevalece em qualquer circunstância, do que permanece inalterável constante e tranquilo. Tudo mais é a poeira da vida que passa e vai fazer terra solta noutro lugar qualquer do mundo. Sabe bem sentir o vento e tudo o que ele nos traz... mas importa ser capaz de o deixar partir com tudo o que ele nos traz e cuja viajem não termina no lugar em que eu estou.

Tanta conversa para lhe dizer que não se preocupe em preencher as minhas expectativas, colocando-se em permanência nas situações que só fazem sentido, no quadro da sua vida, durante um período de tempo limitado. É bom receber de si as palavras que valem, não pela graça do objecto e da forma de que é capaz, mas pelo que de si se mobiliza para me tocar de forma tão generosa e encantadora. E eu sinto-me tocado.

Este é o momento da sua vida em que outras vidas lhe preenchem a atenção e reclamam a força que transporta consigo... não irei regateá-las. Se houver alguma coisa que esteja ao meu alcance fazer para a ajudar, não exite.

Saiba que o meu apreço por si é enorme, despertando em mim uma consideração, uma ternura e uma disponibilidade sem limite.

Mudando um pouco o registo e anunciando o fim deste e-mail, o mar em frente ao lugar tranquilo em que estou sentado, reclama ruidosamente a minha atenção, perguntando-me que mensagem quer que eu lhe envie... agradeço-lhe a atenção e digo-lhe que se pode recolher, porque o sol reclama com mais sucesso o papel de mensageiro, dispondo-se a transportar o beijinho e o abraço que a irão acompanhar de forma ternurenta e solidária, em todos os lugares que se irão iluminar com a sua presença e à sua passagem.

Um dia muito bom para si

Pedro

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