domingo, 28 de fevereiro de 2010

Inês Hoje - 1

Boa tarde, meu amor.

Numa onda de melancolia pelos momentos em que partilhávamos este espaço com regularidade, e após a recente proximidade destes últimos dias, senti vontade de te voltar a escrever.

Este apartar de ti acarreta sentimentos ambíguos. A nostalgia da tua ausência e o júbilo pelos momentos vividos a dois… que ainda gozam e respiram em cada milímetro da minha pele.

Curiosamente, não passou muito tempo desde que te conheci. Debruço um ligeiro olhar sobre este curto espaço de tempo, e apercebo-me da subtileza com que nos acercámos. Mas, o que me deixa mais surpreendida, é a tomada de consciência do espaço que conquistaste. Quando percebi…… já cá estavas. Sem aviso prévio, mas com uma familiaridade incomum, passeando-te e descobrindo-me em cada recanto meu.

A segurança que os teus passos atestavam, intimidaram-me a avançar nesta partilha… crescente, sedutora. Observei-te silenciosamente, e quanto mais te enxergava mais me apaziguavas a alma e o coração, com as tuas palavras, com os olhos e as mãos. Subitamente, reconheci-te. Afinal, há muito que aguardava a tua chegada, mesmo desconhecendo a tua aparência.

Nunca restou qualquer dúvida que no momento em que surgisses, mesmo sem conhecer os cantos da tua alma e do teu corpo, iria sentir-me em casa. Numa morada onde o tempo parou. Um tempo vivido apenas a dois, onde não é permitida a entrada de mais ninguém. Um tempo suspenso em cada beijo trocado, imersos na insolência superlativa do amor.

Nesse tempo, não cabe mais ninguém… não falta ninguém. Não existem promessas, nem sonhos a cumprir. Calam-se as almas nas mãos que se agarram com fúria, nos corpos que se procuram inundando-se de carícias em cada milímetro de segundo que se nos afoga na pele.

É um tempo. Um momento todo a dois. Suspendo o tempo lá fora, escrevendo mais algumas linhas nos registos dos sentidos acabados de viver. Neste tempo, não há tempo… apenas tu e eu.

E é neste tempo que te envolvo no meu abraço, nos beijos doces que te tocam a pele e te sussurro ao ouvido que te amo.

Inês

Inês 9

Enviada a 12 de Dezembro de 2009, às 02:16


Boa noite (ou Bom dia), Pedro.


Com os olhos a darem sinal do cansaço que o meu corpo sente, não desisto da minha vigília por este lugar.

Daria tudo para nunca mais sair daqui, se a outros espaços nunca tiver direito, causando qualquer coisa para prolongar estas noites por uma eternidade, de lua calma e fria, calada, aconchegante, como se a noite estivesse em mim, num silêncio profundamente acolhedor.

O título que atribuiu à sua missiva revelou-se um presságio… agora foi a sua vez… de me desconcertar…

Simplesmente avassaladoras… as suas palavras…

Alimentam-me, qual sustento absolutamente indispensável para a minha continuidade neste mundo, em que as almas têm medo do escuro, apreciando o conforto mental e as certezas! São palavras diferentes! Palavras partilhadas nunca escritas para mais ninguém. Palavras ditas pelo que sentimos, por aquilo que somos, por tudo o que de nós damos, por tudo o que escrevemos… Palavras suas, palavras minhas, e não as entrelinhas.

Agracio, a cada instante, por me brindar com a força e a grandeza que imprime a cada frase, com a sensibilidade imensa de quem já viveu o sofrimento dos lugares ocupados, mas vividos a solo, pelo incumprimento de promessas nunca concretizadas. Revejo-me nos devaneios com que me privilegia, numa escrita única, deixando uma impressão digital exclusiva. Enalteço o homem que se manifesta em cada linha, aclamando a liberdade que lhe cabe por direito, deixando decifrar a doce essência da sua alma presente.

Irei descansar, recolhida num abraço que reservou…só para mim…e adormecer mergulhada no seu beijinho com adoçante…

Para si, guardei um beijinho fofo de algodão doce.

Inês

P.S. – Se algum dia, caso o entenda, quiser preencher o lugar à sua frente naquela esplanada à beira-mar plantado, com dois dedos de sol, não hesite em lançar-me o repto. Da minha parte, só haverá uma condição… Que a chávena de café esteja cheia… ;-)

Pedro 9

Enviada a 11 de Dezembro de 2009, às 22:23


Viva Inês


Quando leio os seus textos (de repente senti alguma nostalgia dos tempos em que me deliciava com a recepção das cartas escritas... em que o telefone era caro - ainda é - as distancias intransponíveis e esta coisa dos e-mails nem sequer se desenhava...) sinto que estou a ler os textos de um blog exclusivo que me tem por leitor privilegiado e único.

É uma sensação boa... mas não resisto a perguntar-lhe se nunca pensou em escrever um blog próprio... Seria o seu fã número 1!!!

Hoje sou eu a entregar-me ao devaneio da minha escrita, sabendo-a destinada ao seu entendimento.

Todos os dias chego ao fim com uma terrível sensação de cansaço, acentuada pela sensação de que estou sozinho no lugar onde muitos se dizem querer presentes, fazendo dessa possibilidade uma promessa a cumprir noutro tempo que não este em que me sento à mesa de um lugar de passagem anónimo, bebendo um café vazio...

Levo algum tempo a deixar partir todas as presenças por cumprir... mas acabo por conseguir fazê-lo, à custa de alguma determinação e disciplina.

Consigo resistir à tentação e ao desafio que me é constantemente lançado de, mesmo à distância, aceitar presenças que se cumprem pela ideia de que estou a elas obrigado, pelos compromissos a que entendem que estou ou devia estar vinculado.

Não contrario os entendimentos que justificam, em cada um dos prometidos e propostos futuros presentes, as ausências que dizem impossíveis de contornar. Fazê-lo, não os faria mais presentes do que o são de facto.

O lugar à minha frente continua vazio... Por ter consciência permanente deste quadro da minha existência, aceito todas as presenças, mesmo as virtuais... só não me peçam para olhar para o lugar vazio que tenho à frente e ver quem lá não está, condicionando voluntariamente a minha existência aos gestos que faria se a sua presença fosse efectiva.

Durante anos permaneci prisioneiro dos inúmeros fantasmas que se queriam presentes, mas que estavam sempre noutro lugar qualquer. Reconheço que doeu perceber que tinha a vida feita num oito por via de tudo aquilo que podia ou não fazer, em nome de todas as promessas de presenças por cumprir.

Agora, para desespero dos que não se conseguem aceitar longe, nos lugares em que estão, sem criarem uma rede virtual de laços de promessas a cumprir um dia qualquer, constituída pelas pessoas que tomam por objecto dos seus afectos, digo sempre: entro livre, permaneço em liberdade, e parto tão livre como entrei. Não há antes nem depois, não há histórias a preservar nem propósitos a cumprir. E o que refiro em relação a mim, reconheço no acto, em relação a quem comigo partilha alguma coisa. As relações que estabeleço não valem pelo que vai acontecer... mas pelo que acontece ou não.

E o estranho é que a frieza e dureza que me é atribuída nunca é comprovada pelos factos e actos de que se dão conta na história das suas relações comigo. Torno-me mais afectuoso, mais disponível, mais presente... Mas estranho mesmo, é que há quem prefira de mim a experiência de uma presença fantasiosa e a cumprir, do que a presença efectiva, livre, sem dor, nas condições que a vida permite.

Este é o meu exercício de libertação de todas as ausências de que me dou conta, antes de mergulhar num fim-de-semana absolutamente real, de prazer de me descobrir vivo nos lugares em que estiver.

Sei que tudo isto lhe deve parecer maçador... mas coincidiu com o momento em que me sentei e decidi partilhar-me consigo, por breves instantes.

Guardo de si a ternura e o encanto que ganha corpo na escrita que se permite em relação a mim, seguindo de sorriso posto.

Tenha uma noite de acordo com os seus desejos de bem-estar, com um abraço só seu

Beijinho grande

Pedro

Inês 8 (2)

Enviada a 11 de Dezembro de 2009, às 15:29


Boa tarde, Pedro.


Não se preocupe em me contemplar com esses pequenos intervalos numa manhã que se adivinhou agitada. Nem sempre os compromissos nos concedem tempo para orientarmos a nossa atenção para outros espaços.

Aguardarei, tranquilamente, a dedicação a que me tem acostumado, no momento em que lhe for oportuno.

Também estive numa acção de formação toda a manhã… fui aprender a escrever…. ;-)

Mas, confesso que senti a falta do seu sorriso a desejar-me um bom dia.

Beijinhos doces para lhe adocicarem esta tarde.

Inês

Pedro 8

Enviada a 11 de Dezembro de 2009, às 14:40


Boa tarde Inês


O espaço reduzido que o dia me tem deixado até agora, não me permitiu assinalar o outro lado da mulher que é tanto ou mais cativante que aquela que tem deixado transparecer.

As suas fragilidades terão o peso da atenção que lhes der...

Celebro, nestas breves palavras, a mulher que se tem revelado. Sinto-me reconhecido pelo gesto. Continuamente encantado.

Tentarei voltar com a brevidade possível

Com a ternura e tranquilidade de que sou capaz, abraço-a, esperando que o resto do dia seja cheio de almofadas fofinhas que a protejam em todos os momentos de quebra do seu ânimo.

E... um beijinho grande

Pedro

Inês 8

Enviada a 11 de Dezembro de 2009, às 01:50


Boa noite, Pedro :-)


Deitada na cama, o meu olhar perdeu-se nas sombras que o candeeiro projectava no tecto. Vagueei por memórias de outras passagens no tempo em que me entretinha a desenhar figuras com as mãos moldando personagens à minha medida, num mundo que me permitia adquirir todas as formas possíveis e imagináveis. Nesse mesmo instante, fui impelida a espreitar por este espaço, onde me fui acostumando a uma liberdade que nunca me foi proibida.

A minha reminiscência reportou-se a tempos idos, em que me confinava a este espaço em branco preenchendo-o com pedaços de alma ferida e machucada, sem consciência dos lugares para onde me transportaria. O deserto era excessivo para me orientar para caminho algum.

Encontrava-me perdida no tempo e no lugar, onde o futuro era intolerável. Esboçava um sorriso simulado para anunciar uma alegria que não sentia. Por muito que tentasse, apenas conseguia desenraizar-me de tudo e de todos e, não de mim. Nem do olhar, nem das mãos! Porque esses não mentem.

O olhar perdia-se sem que o conseguissem ler, sem que o conseguissem compreender…

O mesmo sorriso no rosto. Sorriso de quem esconde o sofrimento por sobreviver a mais um dia. Ansiava por lugares onde a esperança já não habita, nem a luz por detrás das paredes que me encerravam. Nem o vislumbre de uma porta, nem fechadura, nem chave capazes de me libertar desse espaço sem saída. Perdi a força, esgotei as armas…

Como desejei o sono eterno, esgotada até do que nunca vivi… Perderam-se as cores, restavam os momentos vazios…

Mas a estrada estava lá! Mesmo se a esqueci, mesmo sem saber se haveria lugar para mim… E se a berma me enganou? E se as lágrimas me toldaram o caminho?

Sorrio. Não o mesmo sorriso. O olhar acompanha-o…e a alma também…

Uma noite recolhida num merecido descanso... ou um bom dia repleto de alegria.

Beijinhos ternos

Inês

P.S. - Hoje foram meras divagações, após um dia repleto de emoções ....

Pedro 7

Enviada a 10 de Dezembro de 2009, às 21:08


Viva Inês


Fico contente por saber que o seu pai está bem e que o filho ultrapassou a barreira do código.

A sua acção protectora é uma mais-valia inestimável para o crescimento dos seus filhos.

As mulheres são, definitivamente, o pilar do equilíbrio e da sobrevivência das sociedades humanas.

Fico contente por saber que lhe sabe bem o aconchego que lhe reservo nas minhas palavras.

Beijinho grande

Pedro

Inês 7

Enviada a 10 de Dezembro de 2009, às 18:14


Muito obrigada pela confiança depositada, por me privilegiar com a beleza que encerra em si, em todos os lugares onde está. Sinto-o constantemente a aconchegar-me com ternura e carinho.... e sabe-me tão bem....

Mais um beijinho açucarado....

Inês

P.S. - Afinal foi apenas um susto. Trata-se de uma infecção da epiderme, confirmada por mil e um exames de diagnóstico capazes de despistar todas as moléstias (ah...estava a referir-me ao meu pai... :-))). Mas como tudo na vida, há sempre alguma luz para equilibrar, e enquanto acérrima protectora dos meus rebentos, seria impossível não rebentar de contentamento com o resultado favorável do exame de código do meu filho. Estou tão inchada!!! (Gerir constantemente estas dualidades de sentimentos desgasta-me....uff....)

Pedro 6 (2)

Enviada a 10 de Dezembro de 2009, às 13:04


Sei que nem sempre um escutar atento resolve seja o que for... mas coloco-me à sua disposição neste lugar: xx xxx xxxx

Pedro 6

Enviada a 10 de Dezembro de 2009, às 10:47


Viva, Inês


Todos os quadros de dor e de perda são naturalmente pintados com cores tristes e escuras, como que a tentar resguardar da luz intensa da vida, os lugares feridos que queremos fazer desaparecer.

A minha solidariedade será fraco paliativo para o alívio que se impõe, mas é um recurso genuíno que lhe coloco a disposição.

Os picos altos de todos os registos da vida têm garantido um momento de inversão de tendência... pode tardar, mas acaba por acontecer. O que se espera, deseja e tenta em todos esses ciclos é que as quedas sejam cada vez menores, menos frequentes e menos prolongadas. E se possível com poucos estragos... A consciência dessa característica intrínseca da vida, faz-me procurar em todos os extremos, as fundações do que prevalece em qualquer circunstância, do que permanece inalterável constante e tranquilo. Tudo mais é a poeira da vida que passa e vai fazer terra solta noutro lugar qualquer do mundo. Sabe bem sentir o vento e tudo o que ele nos traz... mas importa ser capaz de o deixar partir com tudo o que ele nos traz e cuja viajem não termina no lugar em que eu estou.

Tanta conversa para lhe dizer que não se preocupe em preencher as minhas expectativas, colocando-se em permanência nas situações que só fazem sentido, no quadro da sua vida, durante um período de tempo limitado. É bom receber de si as palavras que valem, não pela graça do objecto e da forma de que é capaz, mas pelo que de si se mobiliza para me tocar de forma tão generosa e encantadora. E eu sinto-me tocado.

Este é o momento da sua vida em que outras vidas lhe preenchem a atenção e reclamam a força que transporta consigo... não irei regateá-las. Se houver alguma coisa que esteja ao meu alcance fazer para a ajudar, não exite.

Saiba que o meu apreço por si é enorme, despertando em mim uma consideração, uma ternura e uma disponibilidade sem limite.

Mudando um pouco o registo e anunciando o fim deste e-mail, o mar em frente ao lugar tranquilo em que estou sentado, reclama ruidosamente a minha atenção, perguntando-me que mensagem quer que eu lhe envie... agradeço-lhe a atenção e digo-lhe que se pode recolher, porque o sol reclama com mais sucesso o papel de mensageiro, dispondo-se a transportar o beijinho e o abraço que a irão acompanhar de forma ternurenta e solidária, em todos os lugares que se irão iluminar com a sua presença e à sua passagem.

Um dia muito bom para si

Pedro

Inês 6

Enviada a 10 de Dezembro de 2009, às 02:01

"A verdadeira viagem da descoberta consiste não em buscar novas paisagens, mas em ter olhos novos."

Marcel Proust



Boa noite, Pedro. (ou Bom dia...)


Após alguns momentos de desvario, retomo a escrita um pouco mais organizada, tecendo alguns comentários como prometi. Sentei-me, na expectativa de que o teclado me fornecesse algumas directrizes que orientassem o meu discurso, face a um total desconhecimento do rumo a tomar.

Esta escrita desenhada a que nos fomos habituando, elevou inevitavelmente os patamares da nossa exigência, o que nos coloca de algum modo mais frágeis, na tentativa de não defraudar as expectações que criámos no outro lado. E nem sempre somos animados pelo mesmo estado de espírito, nem se mantém constante e equilibrada a fluidez criativa que, ora nos impele para locais mais introspectivos, ora nos confere uma liberdade humorística que nos supera.

O desfecho que acerco, compele-me para a revelação de um dos meus maiores defeitos ou feitios, conforme o entendimento de cada um, que não é mais do que o simples desassossego de que possa transparecer ou esboçar algum vestígio de fragilidade (que também tenho, como qualquer ser humano, e que até já abordámos). Aflige-me a fraqueza, a imperfeição, a incapacidade para suportar todos os fardos que carrego… tudo o que me possa imputar debilidade, ou causar decepção em quem quero bem. Sou demasiado exigente comigo em prol de uma excessiva tolerância e flexibilidade com os outros.

Ao longo dos últimos anos, fui tomando consciência da inexistência da perfeição, da ausência de excelência pela qual lutei e que não foi suficiente para evitar o fracasso de alguns projectos de vida. Familiarizei-me com o meio-termo que até aí era inexistente, abandonando gradualmente o radicalismo iminente de quem opta por abdicar do que quer que seja senão tiver garantias de mestria.

Esse tempo provou-me que todas as experiências são válidas, convencendo-me que o verdadeiro desperdício da vida encontra-se no amor que não damos, na força que desprezamos, na precaução egoísta que nada arrisca, porque ao esquivarmo-nos do sofrimento também abdicamos da felicidade.

Não eram propriamente estes comentários que tinha imaginado tecer, mas há momentos em que a velocidade dos acontecimentos é tão veloz, que nos orienta por novos caminhos que não os escolhidos.

Peço desculpa por não conseguir alhear-me, mas as minhas preocupações foram orientadas para o meu pai. Foi operado há duas semanas e, apesar da lenta recuperação, tudo indiciava que se dirigia de forma positiva até hoje. Esta noite, os sintomas que apresentava não nos descansavam até recorrer às urgências do hospital onde foi operado, em que confirmaram indícios da trombose que suspeitávamos. Foi imediatamente medicado e já regressou a casa, mas amanhã de manhã terá de ser observado pelo médico e sujeitar-se a uma série de exames exigidos nestas situações.

Estou confiante que tudo se irá solucionar da melhor forma, embora permaneça algum receio fruto da perda de dois familiares próximos, durante este ano. E talvez por se aproximar uma época em que me é inevitável fazer um balanço do que ficou para trás, recolho-me em receios provocados pelas saudades de quem nos deixa sem aviso prévio.
Reservarei, pois, mais alguns comentários para a próxima incursão neste espaço, esperando um regresso reforçado, caso não opte por desertar da leitura que lhe consagro.

Vou aproveitar a minha ousadia XL para me enroscar novamente na força do seu abraço, abrigando o embrião que sou nas suas mãos… (Já lhe declarei que uma das minhas fragilidades é precisamente a importância que atribuo à energia de um abraço?????)

Um beijinho muito doce para lhe dar os bons dias.

Inês

P.S. - Fiquei satisfeita em saber que preferiu o meu beijinho doce ao da vizinha :-)

Inês 5 (2)

Enviada a 9 de Dezembro de 2009, às 22:49


"Enquanto não me volta a eleger como objecto da sua atenção"?????????????????

Caríssimo, já foi eleito......com maioria absoluta...

Beijinhos (agora já duplico)...doces...

Inês

Pedro 5

Enviada a 9 de Dezembro de 2009, às 22:42


Viva Inês

Apreciei o concerto lá,lá,lá...

Não estou habituado a ser presenteado com concertos personalizados do tipo lá, lá, lá...

Seria uma serenata?!!!

Não sei porquê, mas parece-me que alguma coisa está errada neste quadro... não era suposto ser eu, como belo exemplar defensor das cores e pergaminhos do género masculino, a ter que me por debaixo da sua janela cantando o dito lá, lá, lá...para si???

Seja como for... adorei.

Retribuo os votos de um bom descanso, enquanto permaneço embrulhado no grande ósculo que amavelmente não recolheu junto da vizinha e de que gentilmente se fez emissora.

Desejo-lhe a redacção de fabulosos comentários...

Enquanto não me volta a eleger como objecto da sua atenção... fique na companhia do meu sorriso silencioso e discreto.

Beijinho grande

Pedro

Inês 5

Enviada a 9 de Dezembro de 2009, às 21:25

Boa noite, Pedro…lá, lá, lá…

(Lamento não conseguir produzir o efeito desejado, porque a minha intenção era colocar umas claves de sol a animar o lá, lá, lá, mas desconfiguraram todas. Seja como for, seria apenas a simulação da melodia e nunca poderia ser a reprodução da minha voz, uma vez que eu só faço shows para emigrantes.... eu canto... e eles emigram...)

Foi este o efeito que me provocaram as suas palavras logo de manhã, acompanhadas por…… hummm….. um abraço tão saboroso e deliciosamente reconfortante…

Fico na dúvida sobre quem é que fica desconcertado…

De qualquer modo, gostaria de apaziguar essa sua preocupação, pois se porventura algum destes dias ficar sem conserto, eu terei o maior prazer em restaurar os danos que provocar, já que domino uma outra área (mais uma qualidade… são só virtudes a somar… ai quando chegarmos à vez dos defeitos…), mais artística _ a arte da bricolage_ (graças a Deus, faço milagres com estas mãos…trabalhos manuais, entenda-se).

Aproveito para lhe transmitir a grande nova, porque durante o dia de hoje adquiriu o dom da ubiquidade, já que esteve sempre a meu lado, nos inúmeros sorrisos que me esboçaram em retribuição do meu (vou ficar carregadinha de rugas de expressão).

Desculpe esquivar-me agora, tão rapidamente, mas vou tecer alguns comentários a assuntos que ainda não tive oportunidade de o fazer, para lhe enviar mais logo.

Neste momento, não podia deixar de lhe endereçar só estas palavrinhas para lhe desejar um bom descanso, se possível, com o prolongamento do abraço da manhã (Estava certíssimo… só apurou o meu bem-estar…).

Ah, é verdade… Um beijinho grande…dos meus, claro… porque os da vizinha tinham acabado de esgotar (deve ser da época natalícia...)

Inês

Pedro 4 (2)

Enviada a 9 de Dezembro de 2009, às 09:09

Desculpe-me os erros ortográficos e de sintaxe que não consigo evitar, por via da escrita apressada não revista que devora palavras e altera as concordâncias que procuro...

A culpa é sua... deixa-me desconcertado e um destes dias, sem concerto

Pedro 4

Enviada a 9 de Dezembro de 2009, às 09:05

Viva Inês.

Estou absolutamente siderado com o violenta intensidade do sabor que as suas palavras transportam. É uma verdadeira força da natureza, arrasadora de todos os cenários tão arduamente tecidos na fragilidade das palavras estudadas e testadas na vulgaridade, a que os pobres coitados que se tentam resguardar do seu encanto recorrem inutilmente...

Extraordinário o encanto e graça do seu discurso revelador de uma mulher cuja vida é uma verdadeira caixinha de surpresas.

Reconheço-me completamente KO. As gargalhadas que me arranca nos lugares públicos em que a leio (sozinho, entenda-se), fazem-me parecer mais estranho do que já sou. Impossível nao sorrir.

E é nesse incontido sorriso que seguirei durante este meu dia de aventuras imprevisíveis a que me vou entregar sem reserva.

Estarei presente em todos os sorrisos que cruzarão o seu olhar, desejando-lhe um dia bom.

Abraço-a com o atrevimento que não consigo evitar em mim, ou, pelo menos, nas minhas palavras, certo de que não provocarei danos no seu bem-estar, pela forma que lhe irá dar.

Beijinho grande

Pedro

Inês 4

Enviada a 9 de Dezembro de 2009, às 01:49

Boa noite, Pedro.

Já não são horas de se contactar ninguém, mas senti-me no dever de esclarecer que no meu alargadíssimo espólio, só possuo uma peça Dior... os “famosos” óculos que me brindam com uma panorâmica mais aproximada da realidade. Não fossem eles...

Até me inclino mais para uma Coco Chanel ( a par dos desejos de ter sido bailarina, também podia ter sido uma Chanel dos tempos modernos, se me tivesse cruzado com os financiadores... Afinal, eu podia ter sido tanta coisa que não fui, nem sou, nem me parece que o venha a ser...), mas no fundo, também não passo de uma mera mortal, com um parco 1,61m (é importante realçar que o centímetro que acresce aos restantes 160, faz toda a diferença…), e felizmente, com um corpinho elegante que contraria todas as formas atribuídas à classe feminina que já concebeu duas vidas (nestes últimos meses, já evito as sobremesas diárias e já vou praticando desporto com regularidade… cá está outra daquelas trivialidade que lhe falei…), que por mero acaso é assediada pelo defeito horrífico do perfeccionismo e, por isso mesmo, impõe-se uma rígida combinação na conjugação das cores do meu trajar. E, há muito para combinar, desde o mais básico, passando pela maior quantidade de acessórios possíveis sem destoar, até aos pormenores mais íntimos. Não há como não confessar…. Adoro lingerie! Por diversos motivos, mas admito que subsiste um fundamento em particular… Vamos supor que me acontece qualquer coisa, assim de repente, e surgem os médicos, os paramédicos, os enfermeiros, os auxiliares….consegue imaginar o impacto de uma lingerie a contrariar todo o sentido estético do quadro exterior???? Completamente abominável!! Diz-me um dos meus grandes amigos, que um dia destes ainda me irei arrepender, suscitando alguma situação menos agradável, já que a minha ousadia mais íntima provocará a distracção dos profissionais de saúde que ao invés de me prestarem a assistência que a ocasião exige, ficarão de tal forma magnetizados que me deixarão desfalecer ali mesmo!

Senão me conhecesse, ainda podia eventualmente fantasiar com alguma mulher de fazer parar o trânsito (por acaso até faço, mas por norma é quando acendem os semáforos verdinhos para os peões, ou se não for esse o caso, por vezes também não me acanho e faço-o parar de qualquer forma).

Perdoe-me por, hoje, me ter apartado de uma escrita mais elaborada e, ter enchido estas linhas com um chorrilho de disparates. É que a par de todos os predicados que me tem atribuído, ainda tenho muitos mais…. contidos, para não o inebriar de uma só vez (Ahahahaha), mas neste caso em particular, vejo-me coagida a anunciar que também sou “danadinha” para a brincadeira.

Agora, agorinha mesmo, vou-me enrolar na sua doçura e aconchegar-me na ternura do seu abraço…

Mais um beijinho doce, dos meus naturalmente…

Inês

P.S.- Antes que me esqueça… essa questão de encontrar justificações no signo não pode ser feita de uma forma leviana :-). É certo que, os astros, esses elementos celestes que a Humanidade tenta desvendar e interpretar, em certas e determinadas ocasiões, se conjugam de forma a irritar divinalmente o mais comum dos mortais, que não vislumbra justificação plausível para as afrontas e contrariedades da vida. Mas, antes de lhes imputarmos culpas, ou atribuirmos justificações para características nossas, devemos ser conhecedores, com convicção, de tudo aquilo que eles nos conferem. Posto isto, espero que não se intime de me revelar a data (dia, mês, ano), hora e local de nascimento, para o presentear com um autêntico mapa astral, capaz de deixar invejosos os mais entendidos na matéria (é mais um atributo…eheheh)

sexta-feira, 5 de fevereiro de 2010

Pedro Hoje - 1

Viva Inês

Apeteceu-me voltar hoje ao registo da comunicação escrita, um pouco à semelhança do que em idos tempos se fazia em suporte de papel, vencendo-se distâncias e ausências com o encanto anunciador dos mistérios que uma carta fechada encerrava.
A carta deu lugar ao e-mail e entretanto muita coisa se perdeu... mas há na escrita a possibilidade de voltar a cumprir o mesmo efeito.

E o primeiro apontamento vai para o amor que sinto por ti. És a realidade que nem o melhor dos meus sonhos conseguiria antever.
Começámos pela fúria dos corpos por saciar e através deles fui-me aproximando de ti. Descubro um ser fantástico que me faz querer estar na tua proximidade para além de todas as razões que carregamos. É um encontro frágil e doce que me obriga a um cuidado extremo para impedir os estragos que a banalidade das palavras e dos gestos garante e anuncia pela desatenção.
Entrego-me todos os dias ao exercício de me libertar de todos os ruídos e sombras da vida que me impeçam de estar na tua proximidade de uma forma inteiramente disponível, inteiramente presente. Afogo o passado e incendeio o futuro em cada pensamento que não sigo, em cada medo que não me entrego, em cada sonho que não alimento. Consigo assim a minha entrega permanente ao amor que sinto por ti.

Sei que és sensível aos mistérios da vida que te tocam e que te fazem admitir que há, na vida, muito mais do que aquilo que a razão de todos explica e alcança. Eu também... e por isso, do caminho que tenho trilhado, retirei este breve trecho escrito que partilho contigo.

"O sexo contém grandes segredos e o primeiro é que a alegria vem porque o sexo desaparece. E sempre que nos encontramos nesse momento de alegria o tempo também desaparece e a mente também desaparece."

"À medida que a compreensão aumenta o desejo desaparece e surge, um dia, a grande liberdade, quando o sexo deixa de ser um tormento. Fica-se tranquilo, silencioso, absolutamente consigo mesmo. A necessidade de ter outra pessoa desapareceu. Pode-se fazer amor, se se escolher fazer amor, mas não há necessidade. Será uma espécie de partilha."

"Esta vibração de dois como um é o orgasmo. Quando a mesma coisa acontece, não com outra pessoa, mas com toda a existência, então é o grande orgasmo"


São apontamentos de uma escrita antiga que ainda hoje são uma luz no caminho dos homens.

Não te tomo mais tempo... vou deixar-me levar pelos apelos da vida que me reclamam noutros lugares e noutras prestações, mas não parto sem antes te dizer que te amo, que te beijo e abraço com muita ternura, desejando-te um dia tão brilhante como o que vislumbro neste espaço de tranquilidade à beira de um mar agitado sob os raios de um sol tímido que não desiste de ser sol...

Pedro

quinta-feira, 4 de fevereiro de 2010

Pedro 3

Enviado a 8 de Dezembro de 2009, às 21.28h

Viva Inês

A graça e humor fino que lhe dão um estatuto único entre as mulheres bonitas, que fazem qualquer peça Dior resplandecer no mais casual ou formal dos momentos, transforma a atenção que dispensa ao mais pobre dos mortais, frequentadores assiduos das loja dos chineses com nomes estranhos como "xau min tey", cuja tradução desconfio sempre não ser tão inofensiva como parece, um momento único, digno de celebrar com um ruidoso fogo de artífício...

E eu sou um bocado como esses pobres diabos que aproveitam os limites ridiculamente ínfimos da sua capacidade de se movimentar livremente pelos lugares da sua fantasia, pelos poucos cêntimos que encontram no fundo de uma qualquer gaveta esquecida, para se questionar sobre o que fazer com o resto das suas vidas.

E esse é um exercício a que me entrego voluntária e diariamente... com os proveitosos resultados que encontro nas sensações de absoluta liberdade e felicidade de ser e estar, longe dos sonhos por concretizar, longe do ter mais que aquilo posso carregar sem esforço (nos braços ou às costas).

A longa incursão neste peculiar estar, fazem-me sentir e viver o mais banal episódio da minha existência, como a mais extraordinária, imperdível e incomparável aventura, no que para os demais seria um insuportável quadro de vida.

As suas palavras são uma doce pausa no quadro quase sempre previsível (desinteressante, atrever-me-ia a dizer em alguns dos casos) da comunicação restrita e restritiva que me é permitida, nas relações que estabeleço com as mais fantásticas pessoas que cruzam a minha existência.

A forma de estar de que me dá conta revelam uma consciência e uma postura reactiva perante uma vida em que parece que todos se querem a dormir na proximidade do que julgam ser as certezas comuns que garantem a ilusão de segurança na prevenção da dor...
Partilho da sua forma de encarar a realidade. Se não a puder evitar, prefiro uma boa e autência dor de cinco minutos reais, seguidos do que a vida me reservar a seguir, do que permanecer no medo de sentir uma dor que pode nunca acontecer, num estado de vivo-morto, prolongada por tempo indefinido... Deve ser do meu signo!!

Quanto ao meu encantador olhar... não sei se já lhe disse... não se deixe enganar! Sou miúpe e uso lentes de contacto para evitar mostrar os meu lindos olhos azuis (também podem ser verdes, se preferir).
O que me encantou em si, nas breves presenças que me concedeu, foi o seu geito de comunicar, de constante anúncio de uma gargalhada que surge livre e com gosto, próprio de alguém que levanta os olhos do chão, para olhar com prazer e determinação, livre, para todos os desafios que a vida lhe traz nas brisas que lhe tocam a pele. O restante encanto... vem do que neste espaço da virtualidade temos registado.
Se em mim houver alguma coisa para conquistar... confesso-me rendido (eu sei, sou um homem fácil...)

Espero não ter delirado demasiado... A culpa é da sua simpatia e encanto ou da minha insana fantasia

Estarei aqui deste lado pelo tempo que a Inês entender. Também... esteja eu onde estiver, dificilmente poderei estar noutro lugar que não aquele em que estiver. Ainda não tenho o dom da ubiquidade...

Quero que saiba que sinto o maior prazer em recebê-la neste lugar indistinto em que a leio e de onde me partilho nos quadros que lhe descrevo.

Dormi bem ontem... impossível não o fazer com tal encantador aconchego
Quanto ao sol que hoje de manhã me abraçou... não sinta inveja. Não há abraço mais bonito que aquele que cada uma das suas palavras transporta.

Hoje é a minha vez de lhe enviar um beijinho grande e um abraço terno... companhia presente e aconchegante de um sono que desejo descansado

Pedro

Inês 3

Enviado a 8 de Dezembro de 2009, às 18.09h

Caríssimo Pedro

Que inveja (ui….que sentimento tão feio…) desse pedaço de sol que o abraçou pela manhã, dessa imensidão que apenas o mar consegue abarcar e da brisa que o acariciou suavemente…
Agracio-o por dividir comigo esses seus momentos ímpares, esses lugares seus que passam a ser igualmente meus…

Mas não me atribua exclusivamente o ónus desta empatia, desta cumplicidade partilhada, nem se incomode com interrogações acerca dos motivos que lhe deram origem, a menos que o entenda ser necessário. Afinal, "A vida é uma aventura saborosa".

Admito que em determinada ocasião também me senti impelida a fazê-lo, com receio de que lhe pudesse suscitar dúvidas sobre um possível desequilíbrio mental camuflado (Ahahaha…lá diz a sabedoria popular… que “de médicos e de loucos todos temos um pouco”). No entanto, no que me diz respeito, provavelmente apercebi-me da liberdade de tudo o que transparece nos seus nos gestos e nas palavras repletas de singular sensibilidade, que tão habilmente escreve … com que me delicia… ou quiçá, no seu profundo olhar….

O olhar tem esse encanto… tudo o que encerra… um passado, um presente e, um futuro desconcertante que apenas nos é oferecido através do que se adivinha nos misteriosos caminhos do desconhecido…
Com um simples olhar podemos confessar o que nos importuna, ou o que nos atrai…
Um simples olhar confere-nos a capacidade de conquistar, de derrotar, de amar ou odiar…

A verdade é que me é impossível encontrar um entendimento racional para a intensidade desta partilha, que de algum modo me baralhou os sentidos, tão subtilmente…. Certamente será justificada pelo sentir inexplicável de algo que ultrapassa, em larga escala, qualquer rasgo de razoabilidade…

Reconheço que é uma experiência inédita, pois nunca tinha mantido um registo desta natureza, tão prolongado, tão deliciosamente partilhado com ninguém, mas isso só por si lhe confere o exclusivo mérito que só a si assiste. (De repente lembrei-me de um anúncio publicitário antigo, que talvez se recorde…”Nunca um desconhecido me tinha oferecido flores!” … salvo raras excepções, os desconhecidos por norma oferecem sempre “outras coisas”…estou a brincar…ai, ai… Inês, tem juízo!)

Talvez porque adivinho que atribui a verdadeira essência a cada vocábulo, talvez porque as suas letras, com toda a sua identidade dançam num ritmo sincronizado numa dança que faz todo o sentido, incapazes de ser compreendidas pelos corações cépticos que morrem sem emoções pela descrença e ausência de fantasia, merecendo ávidos aplausos da plateia.

Não tenho dúvida que a maioria das pessoas prefere o conforto de uma vida acética e sem riscos.

Isso provoca que, cada vez mais, as pessoas se revistam de uma maior preocupação em fazer tudo o que é aceite pelos outros. O confronto da diferença pode originar o risco de se ser desnudado perante os outros. Por isso assistimos a um isolamento crescente, substituindo as tertúlias, o tempo com os amigos, pelas discotecas ensurdecedoras (atenção que eu não as condeno. Adoro dançar…até podia ter sido bailarina, se o sonho tivesse sido suficientemente majestoso) onde não se fala, e pela troca maciça de sms sem conteúdo. Escapa-se do esforço de pensar mas, há a recompensa de se ser, invariavelmente, reconhecido (e até invejado) pelos outros.

Sinceramente, não tenho muita paciência, nem espaço para aturar pessoas que, naturalmente ou com dedicado esforço, façam questão de ser iguais a todas as outras. Não me reconheço superior, antes pelo contrário, tento manter-me discreta, confundindo-me entre os corpos inanimados de quem já desistiu de viver, mas de trivialidades tenho como toda a gente a minha dose diária e, sobretudo, as minhas (não resisti a colocá-lo a par da calamidade que representa uma madeixa que teima em tomar o rumo contrário, ou de uma unha quebradiça que desconcerta toda a estética, ou daqueles bichinhos nocturnos que se dão pelo nome de calorias e atacam os roupeiros no silêncio da noite e nos impedem de vestir a toilette calculada…enfim, um cem número de trivialidades que invadem, particularmente, o universo feminino…), por isso não preciso de reforços.

Continuo a preferir a exposição e a transparência resultantes de uma boa conversa, mesmo consciente que já me provocou alguns dissabores. A intenção não será a de provocar os outros mas, apenas porque acredito ser uma das poucas formas de sermos honestos connosco. Essa transparência, que já foi alvo da nossa troca de impressões, com a tal fragilidade (ou não) de termos dado tudo, pode tornar-se também na robustez de nada termos a esconder.

Eu desejo permanecer assim… sempre com a capacidade de ultrapassar os obstáculos que a vida tem teimado em me colocar a cada instante, sem réstia de amargura ou desânimo, como resultado de tantas desilusões. Espero que, independentemente das regras que me são impostas diariamente, permaneça fiel ao que sou, na ambivalência do que devo e tenho de fazer e do que me apetece realmente, vestida com esta alma totalmente livre de tudo e todos.

Desconheço durante quanto tempo assim será, mas ainda existem muitas sementes dos meus sonhos no tempo que voa, a aguardar por um solo fértil onde plantar….

Se me é permitido dizê-lo…..ainda bem que está aí! Eu, cheguei acidentalmente, mas pretendo permanecer por aqui, para partilhar as alegrias, as tristezas, a raiva ou frustração, o contentamento ou a felicidade, até assim o entendermos.

Gostei muito do beijinho acompanhado pelo pólen do seu sorriso
Outro para si... doce…

Inês

P.S. – E dormiu bem?

terça-feira, 2 de fevereiro de 2010

Pedro 2

Enviada a 8 de Dezembro de 2009, às 11.49h

Bom dia Inês

Ah... afinal o passarinho que insistia em pousar-me no ombro e segredar-me palavras tão delicadamente coladas num doce chilrear, vinha da sua parte... devia ter suspeitado!!!

Encantadoras as palavras com que embrulhou aquilo a que chamou mais um delírio...

A vida é uma aventura saborosa. Todos os dias, o prazer de se descobrir o encanto de se estar e participar do que acontece no lugar onde se está é-nos oferecido, sempre à margem de uma agenda a que insistimos em agarrar-nos, na esperança de que os momentos das nossas fantasias ou obrigações se cumpram. E muitas vezes uns e outros até se cumprem... mas são apenas um pálido exercício abstracto do prazer e do bem-estar que imaginámos.

Já me desvinculei de todos os sonhos... não há nenhum que, quando cumprido, consiga produzir o efeito extraordinário e estonteante de que me dou conta, face ao imprevíssível, generosamente livre de propósitos do que a vida me permite a cada momento.

O prazer de estar sentado numa esplanada deliciosamente tranquila, olhando para o mar que se estende preguiçoso aos meus pés, sentindo uma leve brisa no rosto, levemente aquecido por um sol que se faz frágil como convém, enquanto escrevo este texto e bebo o meu café... é absolutamente inexcedível. Este momento na minha vida é único e eu estou inteiramente presente para o apreciar... e partilhar consigo. Não preciso de sonhos, de fantasias, de propósitos previamente estudados, nem de lhe atribuir um sentido a caminho de um tempo ou destino a cumprir a seguir.

É a oportunidade de experimentar a sensação única de se ser livre, por condição intrínseca e não por opção ou concessão. Livre do que está antes. Livre do que imagino ou desejo a seguir.
Esta é a minha realidade constante... um completo delírio e absurdo que me coloca longe dos trajectos estruturados de quem vai sempre a caminho de alguma coisa.

Não sei o que poderei ter feito ou dito que lhe mereceu a atenção, brindando-me com um tratamento tão excepcional, como o da partilha generosa de si na forma das palavras que molda com uma sensibilidade tão invulgar, pela inteligência que está muito para além do que a sua brevidade encerra. Em qualquer dos casos... estou-lhe grato pelo gesto.

Ah... antes que me esqueça... estou a gostar! Continue! (sempre que quiser...)

Envio-lhe um beijinho grande na forma de um sorriso que a vida se encarregará de lhe fazer chegar da forma que for mais expedita...

Pedro

P.S. - Dormi aconchegado na doçura do seu beijinho. Obrigado

Inês 2

Enviada a 7 de Dezembro de 2009, às 21.44h

Boa noite, Pedro.

Tenho a sensação que o dia de hoje me pareceu mais longo perante a perspectiva de escrever pelos caminhos do seu silêncio….

Porque não enviar-lhe, hoje, as palavras no bico de um pássaro? O mais colorido que encontrar! Para que ele as carregue até este lugar, onde desapareço todos os dias, onde me encontro em cada noite….e para que não se percam, irei colá-las uma a uma, cuidadosamente, na folha em branco que enviarei, amarrada com fita de seda evitando que alguma se atreva a fugir.

Gostei muito da música que me enviou, numa versão que desconhecia. Ainda bem que o fez! Ouvia apenas a versão inglesa, da banda sonora do filme “Closer” (Conhece o filme? Retribuo com o link dessa versão http://www.youtube.com/watch?v=5YXVMCHG-Nk). Fez-me recordar tempos idos, uma fase da minha vida que já encerrei, mas que recordo com algum prazer. Foi um tempo de recomeço, de redescoberta do que fui e do que pretendia ser, de recuperação de uma auto-estima perdida, após uma clausura de quinze anos que permiti que me aniquilasse por completo (essa é uma longa história que reservarei para outra ocasião, caso se proporcione…).

Aprendi a conviver comigo, a apreciar-me no meu todo, descobri prazeres escondidos e desprezados durante quase uma vida. Iniciei-me nas saídas a sós… comigo, derrubando barreiras, sem pressa, saboreando intensamente cada segundo para que parecesse eterno, num crescente e imenso prolongado estímulo. O “Closer” foi precisamente um desses momentos, que tanto receei, pela simples ausência de quem partilhasse aquela escuridão. Tinha pavor das gargalhadas que pudesse soltar, ou mais desesperante ainda, das lágrimas que pudesse soltar sem conseguir conter.

Foram muitos os soluços que abafei….

Mas rapidamente entendi que as nossas tristezas e frustrações só servem para olharmos para o nosso presente, e fazermos com ele um futuro melhor. Convicta e empenhadamente! Sem receio do que antes não fomos capazes, mas com a lucidez de sabermos que está ao nosso alcance tudo aquilo que sabemos merecer!

Até porque o medo nos turva os olhos, restringe horizontes, esconde as oportunidades. Limita-nos a um mundo exclusivamente nosso, aguardando a aproximação da primavera, que tarda em chegar….

É inegável que as experiências que vivenciamos no nosso trajecto nos transformam, nos amadurecem e em certa medida, nos endurecem. Tornamo-nos mais firmes nos príncipios, nas ideias que nos regem. É um processo tão célere, que quando nos apercebemos, já assimilámos de tal forma essas vivências, que já são o que somos. Apesar de… ainda continuar a ter a sensação que uma parte da nossa vida é o que somos, sendo a outra parte o que para nós inventam (é natural que acabemos por acreditar naquilo que vemos reflectido nos outros_ afinal serão sempre eles o nosso espelho).

Por vezes, os mais atentos surpreendem-nos, quando se apercebem do que tentamos reprimir. Tem toda a razão quando afirma “Quando a leio, fico com a sensação de que há uma parte de si que transborda os diques da contenção da sua necessidade de comunicar, num registo menos comum que aquele a que nos sentimos obrigados ou limitados…” (mais uma característica sua que me é dada a conhecer…ou será antes minha!??).

Confesso que os “diques” a que se refere, se aplicam a muito mais do que é possível observar…. (mas isso poderá ser tema para outra das minhas divagações, se entretanto não se cansar…até porque eu sou uma caixinha de surpresas)

E por aqui me fico, por agora, na esperança de que o meu pássaro seja capaz de levar estas palavras a bom porto.

Um beijinho doce para aconchegar nesta noite de Outono.

Inês

segunda-feira, 1 de fevereiro de 2010

Pedro 1

Enviada a 6 de Dezembro de 2009, às 21.17h

Viva Inês

Sinto-me esmagado pelo ser e estar que as suas palavras carregam... a beleza, a sensibilidade, a inteligência, a força... verdadeiramente impressionante.
Quando a leio, fico com a sensação de que há uma parte de si que transborda os diques da contenção da sua necessidade de comunicar, num registo menos comum que aquele a que nos sentimos obrigados ou limitados, seja pela falta de interlucotores, seja pela falta de oportunidade tida por legítima, seja pelos vícios de comunicação criados com aqueles com quem o podemos fazer...

Compreendo o difícil que é fazermos, muitas vezes, um prato de peixe assado no forno quando temos, apenas, uns poucos palitinhos de douradinhos... (não resisti a esta incursão pelo mundo da culinária em que muitas mulheres sediam os seus domínios)

A sua transparência não me intimida e não a faz vulnerável... É mais como que uma oportunidade de respirar em conjunto com alguém o ar fresco de uma qualquer manhã tranquila.
A transparência das suas palavras tornam apetecível o seu exercício, seja na leitura, seja no observar e seguir do eco melodioso que suscitam. Se houver vulnerabilidade... ela não será um atributo seu. Quando muito, indicia a brevidade e fragilidade da natureza de quem nelas imagina ou antecipa essa marca, ou as marcas da sua fantasia (não sou nada dado à fantasia...).

A vida deixou de me intimidar e as palavras com que ela se me apresenta ainda me intimidam menos. Não estou em contenda com a vida e se esse fosse o caso, de em tal posição involuntariamente me colocar... assumia-me imediatamente perdedor, assim que disso me desse conta. O meu tempo de vaidades e afirmação da ideia de um ser que me imaginava, já passou.
Por isso... não me sinto intimidado com a sua transparência. Sinto-me grato. Sinto-me encantado. Sinto-me expectante pela sua próxima incursão pelos domínios do meu silêncio...

Obrigado pelo espaço de comunicação que me ofereceu. Tentarei fazer bom uso dele. Escusado será lembrá-la da reciprocidade do franquear desse espaço...

Tenha uma semana estupenda...
Gostei muito do beijinho.
Para si... um beijinho grande

Pedro

Inês 1

Enviada a 6 de Dezembro de 2009, às 19.20h

Boa tarde… Pedro…
(Assim está melhor? …Por favor, não regresse aos formalismos…não…não…)

Mais uma vez, sentada nestes módicos metros quadrados onde reino, permaneço estática a olhar para o monitor em branco, sem ponta de inspiração. As palavras amontoam-se na minha mente, mas o processo criativo não despoleta. Tinha esperança que o simples movimento de me recostar na cadeira pudesse acelerar a passagem das ideias para os quatro ângulos rectos a que se confina este espaço, atrevendo-me a transformar em palavras todos os pensamentos que me alucinam.

Mas, cada vez que os dedos se abeiram das teclas, o cérebro emite qualquer ordem e o corpo regressa à posição original (podia atribuir culpas à chuva ou à preguiça domingueira, mas tenho perfeita consciência que as suas palavras calaram as minhas…).

Admiro a sua destreza no trato com as palavras, deixando o leitor sem fôlego na tentativa de absorver todos os pensamentos, sentimentos, e emoções retratados em cada frase que escreve. Fico extremamente grata por partilhar comigo a sua escrita, por me ter sido apresentado um espaço que lhe pertence... que me cativou completamente (e garanto-lhe que não é tarefa fácil…).
Identifiquei-me em muitas passagens, personalizei-me em muitas descrições. A verdade é que em cada letra que li, descobri uma imensidão de afinidades … nas certezas e incertezas, nos momentos e lugares vazios…

Gostaria de tranquilizá-lo, quanto ao risco que refere de atravessar a tal fronteira, na medida em que se aplica a ambos os sentidos. O que partilhamos aqui, pertence-nos, o que me parece que se estivermos de acordo, nos legitima a estabelecer os limites do que se entender, sem nos subjugarmos a estereótipos impingidos sabe-se lá por quem, permitindo-nos alhear do que é entendido por “socialmente correcto”.

Confesso que alguns amigos de longa data me “acusam” de intimidar as pessoas com a plenitude da minha transparência, expondo-me demasiado perante uma realidade que me coloca numa posição vulnerável. Talvez lhes reconheça alguma razão, apenas porque a sociedade em que vivemos se recolhe perante a frontalidade, a nudez de preconceitos preconcebidos que alguém se lembrou de inventar, mas permite a filtragem dos mais resistentes, que reforçam a sua presença através dessa selecção natural, imunes a juízos idiotas, assumindo-se como são, com todos os defeitos e virtudes inerentes a qualquer ser humano.

De qualquer modo, também ficaria bastante incomodada se invadisse os limites do que me é consentido, pelo que agradeço a advertência se porventura isso se verificar em algum momento. Afinal, ambos sabemos com certeza, que a “arma” mais poderosa reside nas palavras, que quando tomam forma e ganham personalidade nos fogem do controle, adquirindo tantas interpretações quantas as realidades de quem as lê. Acredito que o maior risco habita precisamente aí.
Mas ignore esse risco, e sinta-se perfeitamente à vontade para escrever o que bem entender, para se “perder” nas palavras e continuar nesta viagem partilhada, seja com dissertações filosóficas, poesia ou meros comentários, que poderá ter a certeza não serão passíveis de interpretações erradas.

Votos de uma boa semana de trabalho.
(Posso ter a ousadia de enviar um beijo para substituir os melhores cumprimentos???? ;))))

Inês

Manifesto

Começamos atrasados no registo, mas... vamos a tempo de deixar o testemunho da nossa história de amor nas palavras que tu e eu escrevemos um ao outro.
Aqui fica o início... o fim, que não venha nunca!